Clínica Internação Involuntária Psiquiátrica
A internação involuntária psiquiátrica deve ser aplicada nos casos em que o dependente perdeu a liberdade de escolha. É a decisão de levar o dependente químico até uma clinica de reabilitação sem o seu consentimento. Este é o ponto central de qualquer transtorno psíquico. A incapacidade de um indivíduo em escolher alguma coisa diferente do que faz atualmente, pois os familiares percebem que o dependente perdeu a capacidade de discernimento e ve a própria autonomia prejudicada. O dependente não consegue mais escolher entre o consumo e a abstinência. A vontade de usar é sempre maior e se sobrepõe a coisas que antes eram importantes como: estudo, emprego, convívio com familiares e parentes, respeito às normas, etc. Desse modo, não é tão simples assim ouvir da pessoa "não vou me tratar" e nada mais acontece. É chegada a hora de refletir e buscar auxílio profissional, para reverter esta situação, antes que seja tarde demais.
Geralmente a decisão do tratamento através da internação involuntária é tomada pelos familiares e/ou responsáveis pelo dependente, a fim de conscientizá-lo da necessidade de desintoxicação. Como ela acontece com a falta de consentimento, é comum que a família se sinta insegura ao tomar essa decisão, ou até a evitem para não perder a confiança do individuo. Forçar alguém ao tratamento significa não compactuar mais com os comportamentos gerados pelo uso de drogas. Então, pode-se praticar um ato de amor (sim, o tratamento com internação é um ato de amor) que, somente pessoas que realmente amam o dependente químico são capazes de fazer.
Na maioria das vezes, embora não seja uma regra, o dependente já passou por tentativas de tratamento em pronto socorros, mas sem sucesso. Os sinais são claros: abandono de cuidados pessoais, oscilações de peso, agressividade e muita mentira são alguns dos traços que devem ser observados.
É preciso enxergar a internação involuntária a partir de outros olhos, e perceber quais são os benefícios:
- Sem possibilidade de consumo: geralmente a internação ocorre em um momento de crise, e o primeiro benefício é estar sem a droga. A desintoxicação é necessária e com ela fica mais fácil que o dependente tenha noção de seu atual estado e colabore com o tratamento.
- Melhora da saúde: livre das drogas o organismo se regenera e a saúde do paciente fica melhor. É tendência também que o paciente comece a se preocupar com a própria saúde, incentivando até a pratica de esportes.
- Aceitação: nessa fase a pessoa começa a aceitar que tem uma dependência e que precisa se tratar. O apoio psicológico é primordial, pois a pessoa fica mais propensa a se abrir e a compartilhar seus medos e desafios.
- Recomeço: mesmo que o paciente tenha ido para a clinica contra vontade, agora com todo tratamento, ele começa a ter noção de um recomeço de vida, de voltar para a sociedade.
A recaída sempre é uma opção, mas o paciente já vai ter uma noção de todo o caminho que percorreu até aqui, vai conseguir definir prioridades e tomar mais cuidado para fugir de situações que o coloque diante do uso da droga novamente.
O Instituto Abraão oferece diversas possibilidades de tratamento, inclusive a internação involuntária psiquiátrica, prevista em lei. A Internação Involuntária é amparada pelo Decreto 891/38 e, pela Lei 10.216, de 6 de abril de 2001, regulamentada pela portaria federal nº 2.391/2002 e de acordo com RDC N-101 da ANVISA.
Entre as disposições a respeito da internação involuntária, ressaltamos os seguintes itens:
- É realizada após a formalização da decisão por parte do médico responsável
- É indicada depois de avaliação sobre a droga utilizada, o padrão de uso e quando fica clara a impossibilidade de recorrer a outras alternativas terapêuticas
- Pode ser interrompida a qualquer momento pelo familiar responsável pelo pedido de internação ou representante legal
- Devem ser informadas ao Ministério Público ou à Defensoria Pública todas as internações e altas
A internação sem o consentimento do usuário e a pedido de um terceiro é uma das soluções para quando o dependente químico está colocando sua própria vida ou a vida de outras pessoas em risco e dificuldades e, mesmo assim, é incapaz de tomar e manter uma atitude coerente para sua recuperação.
O objetivo da internação involuntária é que o paciente assuma um estado de consciência que o permita entender seus problemas e quais são as consequências do seu vício. É sobre como é possível identificar sua conduta que precisa ser alterada, pela capacidade de fazer tão mal a saúde.
A terapia em grupo representa um espaço seguro, onde os dependentes conseguem compartilhar suas experiências, falando sobre o que estão passando, pelo que passaram e quais são suas perspectivas para o futuro. Tudo isso sem julgamentos.